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Metas, bets e outras drogas

Leia artigo do secretário geral da Fetrafi-SC e integrante do Comando Nacional dos Bancários, Marco Silvano, intitulado “Metas, bets e outras drogas”.

Embora o inegável crescimento do adoecimento psíquico na categoria, tem sido recorrente na retórica dos bancos de que as causas do sofrimento destes trabalhadores, por serem multifatoriais, não guardam relação direta com o ambiente adoecedor nas unidades bancárias, a partir das políticas para atingimento de metas das instituições financeiras.


Desde o consumo abusivo de drogas ao vício em apostas, para os representantes dos bancos os desequilíbrios existenciais são o resultado da nefasta combinação entre o modo de vida contemporâneo e a ausência de hábitos saudáveis por parte da população.


Não que esteja entre as preocupações destas instituições a necessidade da regulamentação do setor financeiro e uma maior fiscalização com o objetivo de impedir o livre trânsito dos capitais que financiam o tráfico de drogas ou que dificultem a sonegação de impostos e a lavagem dos bilhões das casas de apostas.


Água mineral


Para os bancos, bastaria aos bancários e bancárias acrescentar à saudável jornada do dia a dia dos negócios uma boa caminhada noturna, uma ou duas maçãs maduras, um bom filme na TV ou um bom livro antes de dormir.


Ah! E que não esqueçam de incluir pelo menos dois litros de água sem gás à sua dieta, de preferência em temperatura ambiente, pois cuidar das cordas vocais também é fundamental.


Além de individualizar e responsabilizar os trabalhadores pelo fenômeno do adoecimento mental, os representantes dos bancos questionam os métodos e instrumentos do INSS que denunciam a gravidade da situação nos locais de trabalho, que se criticáveis, o são por serem insuficientes para dimensionar a verdadeira extensão do problema.


Por óbvio, construir programas que permitam a superação dos vícios de qualquer ordem que afetam a saúde das pessoas merece todo o nosso apoio, e todos os investimentos neste sentido se justificam.


O mal está lá fora


Porém, negar a responsabilidade das empresas e as relações de trabalho como causa geradora dos desequilíbrios que levam à instabilidade pessoal e coletiva é como responsabilizar as nuvens pela crise climática e o aquecimento global.


Assim como a atividade predatória e irresponsável da exploração dos recursos naturais exige o reconhecimento da necessidade de mudanças no modelo de produção agrícola e pecuário, o adoecimento dos trabalhadores do sistema financeiro requer mudanças imediatas no modelo de gestão dos bancos, viciados no lucro abusivo às custas da saúde e da vida dos seus empregados.


Traficantes deste tal modo de vida contemporâneo que determina o valor das pessoas a partir do saldo das suas contas bancárias - basta assistirmos aos comerciais que vendem a boa vida no crédito ou no débito - os bancos e seus programas de metas, e modelos de gestão, impõem à vida dos bancários e bancárias o sofrimento que causa o adoecimento físico e psíquico, na medida em que a pressão constante por resultados impede qualquer possibilidade de reequilíbrio e vida saudável.


Isso sem falar no adoecimento social, resultado da oferta criminosa de produtos bancários, fraudes eletrônicas e endividamento das famílias.


Mas isso é assunto pra outro artigo.

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