
O Coletivo Estadual de Saúde da Fetrafi-SC debateu, na manhã desta quarta-feira, 6, a segurança bancária nos locais de trabalho. A atividade contou com a presença do diretor executivo e coordenador da mesa de segurança bancária da Contraf-CUT, Elias Hennemann Jordão.
Como representante nacional, Jordão trouxe um resgate da luta dos bancários no que se refere à segurança dos bancários e também dos clientes dos bancos. “Há 20 anos, nosso foco são as portas de segurança, que os bancos seguem resistindo para implantar. Atualmente, os bancos se aproveitam da atual conjuntura que tende a se “modernizar” para criar modelos de agências sem vigilantes e sem porta de segurança, que já se tornou um problema nacional.”
A Lei 7.102/83, da Segurança Privada, que tramita no Senado Federal, está sendo atualizada e vai se sobrepor às leis municipais e estaduais. Atualmente, os bancos alegam que estão investindo em segurança virtual para justificar o baixo investimento em segurança nas agências físicas.
O representante nacional disse que a maior reivindicação do movimento sindical no quesito segurança foi a instalação das portas de segurança com o intuito de inibir os ataques às agências e promover a segurança da categoria. Segundo ele, “depois de muito tempo, os bancos toparam instalar portas de segurança nos anos 90 e 2000, o que resultou na queda do número de ataques nas agências bancárias e na migração dos ataques para os caixas eletrônicos, minimizando riscos.”
E a luta não foi em vão. Alguns avanços foram a proibição de transportes de numerários, abastecimento de caixa eletrônico por empresas de segurança, instalação de biombos nos caixas, separadores nos caixas eletrônicos, etc. Além disso, várias leis municipais e estaduais foram criadas em todo o Brasil. No entanto, para reduzir os gastos com segurança, os bancos insistem em criar novos modelos de negócios. Recentemente, foi publicada matéria na página da Fetrafi-SC abordando estes novos modelos de agências. Para saber mais, clique AQUI.
Nas mesas de negociação, por exemplo, o dirigente relatou que os bancos dizem que não vão abrir mão deste novo modelo de negócio e propõe apresentar uma proposta de rever as leis municipais e estaduais de forma conjunta alegando muita burocracia e custos altos. Já os representantes dos trabalhadores dizem que não irão interferir no negócio dos bancos, mas também não aceitarão agências sem segurança para funcionários e clientes.
Na avaliação do Coletivo de Segurança da Contraf-CUT, o momento é favorável aos bancos no governo federal, na maioria das Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas. E quem mais se aproveita disso é o Santander, que desrespeita a mesa de negociação recorrendo às Casas Legislativas para propor alteração ou supressão das leis de segurança bancária. O dirigente contou que, no Paraná, por exemplo, o Santander propôs uma alteração na lei estadual de segurança bancária flexibilizando as obrigatoriedades dos equipamentos de segurança nas agências bancárias. A proposta tramitou e acabou sendo aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Infelizmente, os demais bancos seguem o “exemplo”. Há essa mesma tentativa em outros estados, mas o movimento sindical está intervindo.

Diante de tudo isso, Jordão finalizou destacando que os desafios e demandas são: vencer a retórica dos bancos, que alegam que funcionários e clientes se sentem confortáveis sem portas de segurança ou empecilhos, o que não é verdade. “Precisamos mostrar a importância das portas e dos demais equipamentos de segurança para preservar a vida dos funcionários e dos clientes. Os bancos preferem fechar a unidade a manter as agências com todos os equipamentos cobrados por nós”, lamentou.
Além disso, o coordenador do Coletivo de Segurança falou que é preciso tensionar localmente com intervenções, mobilizações, questionamentos judiciais ou extrajudiciais de agências com numerários no acesso e sem segurança e fazer intervenções via parlamentares nos projetos de leis.
O dirigente da Fetrafi-SC, Orlando Flávio Linhares, desabafou: “Eu, enquanto cliente do banco e também dirigente sindical, quando vou em uma agência e vejo o carro forte com os numerários, fico muito apreensivo. Imagina o bancário que se depara com essa situação cotidianamente? É por isso que devemos fazer essa interligação entre a saúde, condições de trabalho e segurança. Porque, quando falamos em condições de trabalho, falamos em ambiente salubre, bem iluminado, ventilado, com equipamentos de segurança.”
Para Linhares, “independente do nome, agência ou loja, o cliente, pela sua natureza, quer fazer negócio no banco, mas também quer sacar dinheiro, depositar, etc. e nós sabemos que estas agências chamadas de lojas terão sempre as mesmas características de uma agência. Portanto, são essas características que temos que debater constantemente. Na minha avaliação, quando a loja ou agência não estiver em condições adequadas de segurança, devemos cobrar dos responsáveis e buscar judicialização se as portas giratórias e/ou os vigilantes são retirados”.