O presidente do Banco do Brasil não esconde seu desejo de ver o banco privatizado. Para ele, o Banco do Brasil é desnecessário. Diz que a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suprem as necessidades de fomento do crescimento econômico e social do país.
O que ele não diz é que a Caixa também está sob ataque e passa por uma reestruturação semelhante à que ocorre no BB. Também não diz que no BNDES há escassez de recursos e o banco vive sob constante ataque. Mudaram sua política de atuação para tornar desinteressante a busca por fomentos do banco.

É a tal da reforma administrativa, com a qual o governo quer reestruturar todas as empresas públicas, estabelecer novas regras para contratação, demissão e planos de carreiras. Além de limitar os “gastos” com a saúde dos funcionários, entre outros.
Também querem mudar a política de remuneração dos funcionários, com redução de salários e implantação de sistema de bônus por desempenho. O resultado desta política, aplicada em todos os bancos públicos, são as quedas das carteiras de crédito e as baixas taxas de investimento pelo Estado.
Os bancos regionais e estaduais, como o Banco do Nordeste, o Banco da Amazônia, o Banco do Pará enfrentam a mesma situação.
Para além dos bancos
Esta política não se restringe ao sistema financeiro. Petrobras, Eletrobras, Correios... todas as empresas públicas estão sob o mesmo ataque. “Quando o Rubem Novaes fala que o Banco do Brasil é desnecessário, pois já existem outros bancos para suprir a demanda por bancos públicos, precisamos analisar todo o contexto e ver que aqueles que ele diz que suprem as necessidades, também estão sob ataque e que, na verdade, isso faz parte da política de desmonte do Estado, para desobrigá-lo de oferecer serviços públicos para a população, que paga altos impostos justamente para ter esses serviços”, explicou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
Por que o BB é fundamental
Mas, para Fukunaga, a população e grande parte das empresas brasileiras precisam dos bancos e das empresas públicas de uma forma geral. “O Banco do Brasil é o responsável por aproximadamente 70% do crédito rural no país. Isso significa que o banco financia o agronegócio, que é quem ajuda a manter o equilíbrio da balança comercial brasileira. Mas, mais importante ainda, é quem financia a produção dos alimentos que chegam à mesa de todos os brasileiros. Sem o BB e a política de incentivo rural dado pelo banco, os alimentos vão ficar ainda mais caros”, afirmou.
“É por isso que lutamos contra a privatização do BB e também contra a política de Estado mínimo, em implantação pelo atual governo. Convocamos todos os funcionários do banco a se mobilizar e participar das atividades contra a venda do BB e toda essa política do governo”, concluiu o coordenador da CEBB.
Ricos mais ricos. Pobres mais pobres
No final dos anos 1990, um hit musical agitou o Brasil. Numa conjuntura parecida com a atual, com grande desemprego, carestia dos preços, redução de salários, venda do patrimônio público a preço de banana e perda da soberania nacional, “As meninas” cantavam: “Analisando essa cadeia hereditária; Quero me livrar dessa situação precária; Onde o rico fica cada vez mais rico; E o pobre cada vez mais pobre”. A música mostra didaticamente como funciona a tal concentração de renda.
O programa “Performa” que está sendo implantado pelo Banco do Brasil reproduz esta “cadeia hereditária”. Funcionários nomeados pelo governo e por diretores nomeados pelo governo, geralmente indicados pelo “mercado financeiro”, que já ganham muito, terão suas remunerações aumentadas. Querem evitar que eles deixem o banco e busquem uma recolocação no mercado. Enquanto isso, funcionários que prestaram e passaram em concursos terão suas remunerações reduzidas. Quem ganha mais, vai ganhar ainda mais. Quem ganha menos, vai ganhar ainda menos.
Com informações, Jornal dos Funcionários do Banco do Brasil